Gestão de equipe de alto desempenho – O caso do BOPE
26/07/2016
Apresentações Empresariais
18/11/2016

Entrevista baseada na palestra “Empreendendo Felicidade” proferida pelo jovem empresário  –  Pedro Salomão feita no Grupo Vistage-CRM coordenado por Cláudio da Rocha Miranda

Conheci o Pedro, por indicação de uma participante do grupo Vistage-CRM. Quando ela me sugeriu seu nome para que ele fosse palestrar para o grupo, contou-me, entre outros predicados, que havia sido capa da Vejinha-Rio, na semana anterior. Gostei da ideia de convidá-lo mas confesso que o procurei pouco crente que ele aceitasse. Afinal muitos, quando estão em alta na mídia, deslumbram-se. Aí, ou querem um cachê altíssimo e/ou somente falam para um público numeroso. O que não é, exatamente o caso, de um grupo da Vistage. Ele é constituído por cerca de 15 a18  empresários. Estas pessoas quando em alta na mídia, em geral se supervalorizam. Pensei, vou convidá-lo, considerando a indicação, mas provavelmente ele vai ficar discutindo o valor do cachê e a quantidade de público para o qual irá falar. Qual que nada! Pedro me atendeu como se fosse um velho amigo. De forma muito carinhosa prontamente aceitou o meu convite sem nem ao menos perguntar quanto receberia. Logo percebi que este jeitão “de bem com a vida” fazia mesmo parte de sua identidade. Tive a confirmação deste sentimento logo na sequência, acertando os trâmites da palestra com sua secretária. O tratamento que obtive dela foi o mesmo. Simpatia pura! Doçura na voz e na forma de responder aos e-mails. Pesquisei na internet mais sobre ele e achei diversas matérias (entrevistas) a seu respeito.  Todas interessantíssimas! Fiquei muito animado e convicto de que estaria proporcionando aos membros do grupo Vistage uma excelente oportunidade de refletir sobre um conceito tão singelo mas, ao mesmo tempo, tão complexo.  Especialmente em se tratando de um público de empresários e, particularmente, num momento de crise como o de então (julho/2016). Comecei a indagar, sempre que possível, para alguns outros empresários e CEOs, com quem convivo, o que era para eles ‘felicidade”? O que era, “ser feliz”? Me entusiasmei. Não somente pelas respostas que obtive, mas pelo tema. Pesquisei como alguns filósofos e personalidades abordavam o assunto. Fui de Platão, Sócrates, Nietzsche e Freud, dentre outros, até os mais contemporâneos como Sartre, Carlos  Drumond de Andrade e os da atualidade, Sergio Cortella e Leandro Karmal.
Trata-se de um tema, surpreendentemente, complexo e multifacetado. Aí, depois desta viagem voltei para o Pedro. Pude verificar como, muito mais do que entender e bem definir o tema, é importante ser feliz. Esta é a sua força este é o seu milagre. Por conta disso tudo e do sucesso da sua palestra convidei-o novamente. Desta vez, para a entrevista que apresento abaixo: 
Confiram:

Foto Pedro Salomão1 – CRM: Pedro, em recente  (dezembro de 2015) palestra para o TED – “Do que é feita uma vida boa? Lições do mais longo estudo sobre Felicidade” Robert Waldinger – Professor de Psiquiatria de Harvard – menciona pesquisa que indaga dos jovens adultos da geração Y (aqueles nascidos a partir de meados dos anos 70, ou após os anos 80, até 1990) quais eram os seus mais importantes objetivos na vida? 80% deles responderam que era ficar rico e 50% que era ficar famoso. Isto prova o quanto a felicidade está ainda associada à estes valores. O que é felicidade para você que afinal, quase ainda faz parte desta geração?

Pedro: Felicidade para mim é uma escolha! Uma escolha diária de como olhar a vida e tudo que acontece, todos os dias, nela! Acho que sua busca passa pela valorização do tempo. Tempo, esse artigo mais escasso nesse mundo! Se aprendermos a entender que o “presente”, como o próprio nome sugere, nos é dado a todo o momento, desenvolver a capacidade de saber apreciá-lo aumenta muito as chances de enxergar beleza em quase tudo.

2 – CRM: Pedro tem uma frase que me marcou sobre felicidade. É a do médico, dramaturgo e escritor Russo, Auton Tchekhov que diz: “A felicidade é uma recompensa para quem não a procura”. Você concorda com a ideia que o apego a felicidade causa infelicidade ou para você seria o contrário, é preciso ter o compromisso com ela para que sejamos felizes?

Pedro: Entendo bem o que o Dr Tchekhov quis dizer. Buscamos a felicidade como resultado de nossos passos, de nossas ações! Na verdade ela deve ser procurada no processo! O resultado, muitas vezes, é imutável. Que ver um exemplo? A morte! Sabemos que é o resultado para todos nós. Podemos então mudar o processo. Acordar todos os dias querendo fazer um dia especial, viver os momentos e deixar que neles esteja a felicidade!

3 – CRM: Pedro o mundo corporativo é por demais  sisudo. Para muitos, parece um pouco de mal gosto ser muito feliz. Rir muito é coisa de gente boba… Como é seu dia a dia na sua empresa? Como você se comporta como empresário, como líder, como patrão?

Pedro: O sorriso é um remédio gratuito, sem contra indicação e efeitos colaterais!  É o queexiste de mais belo e transformador! Concordo com você que muita gente acha exagero ou não entende esta maneira de ser mas eu não estou nem ai!

4 – CRM: Você comentou que em sua empresa não existe organograma e sim personograma. Como acontece o processo de seleção, contratação e desenvolvimento profissional na Radio Ibiza?

Pedro: Olha, hoje, é claro que temos que ter um processo mas mesmo nas vagas mais técnicas o lado emocional tem peso! Preciso me apaixonar por aquelas pessoas! Nosso desenvolvimento, todo ele, é pautado no empoderamento! As pessoas querem ser empoderadas! Damos a elas a gestão sobre seu horário, suas responsabilidades e até mesmo objetivos! Não curto cargos e patentes! Eles segregam, discriminam!

5 – CRM: Você usou algumas vezes o verbo “resignificar” seus colaboradores. O que isso significa na prática? Algum exemplo?

Pedro: Significa que nossos cérebros são altamente programáveis, logo, são também, reprogamáveis. Precisamos nos reprogramar para voltar a valorizar as pequenas coisas: Os gestos, o beijo, o abraço…

6 – CRM: Os profissionais  de RH sempre dizem que as pessoas são contratadas pelas suas competências e demitidas pelo seu comportamento. O que você chama de “personograma” elimina, ou reduz a quase zero, esta máxima?

Pedro: Olha, muito difícil estabelecer um relação direta entre contratação e competência no mundo atual dos negócios! Não acho que os processos seletivos nem as empresas busquem realmente as competências! Não existe uma cultura de entendimento do individuo! As empresas gastam uma fortuna com treinamento e muitas vezes para desenvolver uma habilidade que você não tem! Acredito que se focarmos em entender o indivíduo desde o começo conheceremos suas habilidades e dificuldades e poderemos montar uma equipe realmente complementar. Nela, um usa de suas virtudes para neutralizar as deficiências do outro e cria-se uma relação de cumplicidade, de trabalho em equipe!

7 – CRM: Pedro, como você lida com o seu horário de trabalho e o dos seus colaboradores?

Pedro: Fala-se tanto de tempo que seria antagônico querer gerenciar o tempo dos outros! Cada um cuida da sua vida sem prejudicar a do outro e a do time, da equipe! Procuro ser intenso em minhas relações e me dedicar de corpo e alma para tudo que faço. Aí, o tempo do relógio vira um detalhe…

8 – CRM: Alguma ação trabalhista?

Pedro: Nunca, graças a Deus!

9 – CRM: Você está convencido de que um ambiente de trabalho saudável (feliz no sentido amplo) dá lucro?  Você tem como quantificar isso?

Pedro: Sim!!!  Digo que mesmo que a felicidade não seja uma escolha por coração, ela  pode ser por estratégia! É obvio e certo que uma equipe feliz é mais engajada, comprometida e produtiva! E como a felicidade também é química você acaba se viciando naquela maneira de levar a vida!

10 – CRM: Pedro, este seu jeito de ser atrai clientes para sua empresa? Você se considera melhor na área comercial, na criação ou na parte administrativa?

Pedro: Atrai, claro! É engraçado porque sempre fomos inovadores, modernos, antenados… Fizemos 2 pesquisas com clientes para saber o que achavam de nós e, dentre 30 entrevistados, 28 falaram que estavam conosco porque atendíamos bem! O que mais amo fazer é cuidar das pessoas, de seus sentimentos!  Isso, obviamente, é percebido por clientes, fornecedores e funcionários!

11 – CRM: Você falou muito sobre ter ideias e implementar ideias. Dá para contar um pouco para nós sobre esta diferença? Você é melhor na primeira ou na segunda?

Pedro: Meu grande amigo e guru Alex Pinheiro costuma dizer: “eu vendo uma dúzia de ideias por 1 dólar!” E eu, também! Se quisermos ter 12 ideias agora para mudar o mundo, teremos! Vai realizar? Sou um cara que gosta das ideias mas tenho tesão mesmo é em realizá-las! Mesmo que seja uma ideia de alguém! Gosto da ideia de realizar ideias, inclusive a dos outros! Uma preocupação que devemos ter é de saber que a complexidade da ideia é proporcional à sua execução. Quanto mais complexa a ideia, mais complexa a sua implementação. Portanto, tenhamos boas ideias mas de simples implementação!

12 – CRM: Conte um pouco de como surgiram as suas empresas “Tá surdo” e depois, a Rádio Ibiza?

Pedro: Ambas na crise! A Tá Surdo veio da experiência e excelência que meu sócio e irmão Rafa tinha na Produção de áudio para comercias! Resolvemos montar a nossa produtora quando tive que fazer um planejamento para a produtora que ele trabalhava! Percebi que o mercado estava mudando com a chegada da tecnologia! As produções podiam ser digitais e o mercado dizia que a crise tinha chegado! Que nada! Chegava sim era a oportunidade de termos uma produtora mais enxuta, mais rápida e com maior escalabilidade! Dito e feito! Focamos no relacionamento e voamos baixo! Isso, em 2003. Depois em 2007 a Rádio ibiza veio quando o mercado de musica dizia que a crise havia chegado para acabar com as gravadoras! Enquanto todos diziam que ninguém mais pagaria por musica nós vimos que as pessoas não viveriam mais sem musica, já que tinham a possibilidade de baixar musica do mundo inteiro! Decidimos então que as marcas precisavam entender de musica! E montamos a primeira agência de musica do mundo! Crise igual a oportunidade!

13 – CRM: Você se considera bem sucedido empresarialmente?

Pedro: Demais! Acho que ganho muito bem! Juntei-me com uma equipe de amigos que amo. Não tenho pretensão de acumular riqueza material. Tenho tempo pra cuidar das pessoas e tenho empresas que me dão muito orgulho! Além de tudo, nunca precisei atropelar pessoas ou abrir mão de meus valores e crenças para conseguir tocar meu negocio. isso para mim é sucesso!

14 – CRM: Em sua, bem sucedida, trajetória empresarial em ordem de importância como você numeraria: boas ideias, respectivas implementações e colaboradores engajados?

Pedro: Primeiro obvio, colaboradores! Muitas empresas falam que o cliente esta em primeiro lugar! Não, em primeiro lugar estão as pessoas que trabalham conosco para, ai sim, poderem entregar o seu melhor para os clientes! Pensa num momento incrível da sua vida? Pensou? Você estava sozinho? NÃO! Em todos os momentos incríveis tinha alguém com você! Não ache que o seu sucesso veio sozinho, as pessoas ajudaram ele acontecer! Depois precisamos ter boas ideias especialmente aquelas com as quais podemos nos reinventar. Mas, como já disse, tão importante quanto ter boas ideias é a capacidade de realiza-las!

15 – CRM: Pedro, para encerrar, alguma mensagem que você queira deixar?

Pedro: Sim! Que a gestão da felicidade é algo sobre o qual precisamos debruçar nossas forças! As empresas precisam se preocupar com gente! Gente que cada vez mais busca a felicidade! Mais que o dinheiro, o status, os bens! A geração Y e a Z querem ser felizes! Responsabilidade social não tem a ver com dinheiro, plantio de arvores ou cuidado com meio ambiente, somente! Tem a ver com a responsabilidade sobre o mundo que deixo para as pessoas! Não adianta fazer filantropia, cuidar da água, plantar arvores e não abraçar, beijar, cuidar do humano! Do porteiro do seu prédio, do gari da sua rua, do PM! Temos que cuidar das pessoas! Para não perdemos vez  para os pokemons, para os joguinhos, para os vícios da vida!

 

Sobre a Palestra: Empreendedor da Felicidade.

Muita gente conhece Pedro Salomão* como um dos mais bem sucedidos empreendedores do Brasil, o criador da inovadora Rádio Ibiza, a primeira empresa no mundo a desenvolver identidades musicais de lojas e eventos. Mas nem todos sabem que para alcançar o sucesso, ele seguiu um caminho muito diferente do que é traçado hoje pelas academias e gurus de negócios. Na palestra ele fala como tudo aconteceu na sua vida e como ele se tornou um grande empreendedor.

*Pedro Salomão segundo o Pedrinho:

Não vive sem um mergulho no mar, praticar esportes ao ar livre e contemplar a natureza do Rio. Essa poderia ser a rotina de um bon-vivant carioca qualquer, mas é o cotidiano de Pedro Salomão, de 36 anos, sócio de uma das empresas mais inovadoras do país e carioca empolgado. Além de ser pai do Bento, de dois anos.

Tudo começou com uma produtora de comercial fundada em parceria com um dos melhores amigos de infância, quando Pedrinho tinha 21 anos. A ideia era unir a veia artística do amigo Rafael Gasparian com o espírito empreendedor de quem já tinha passado pelo mercado financeiro, sempre com o foco e o diferencial em atendimento. Tudo ia muito bem até a crise que rondou o mundo em 2007, quando Pedrinho teve o insight da vida: “ninguém trabalha com identidade musical. A trilha das lojas é sempre uma rádio qualquer. Bora entrar nesse mercado louco!”.

E assim nasceu a Radio Ibiza, hoje com filiais em São Paulo e Curitiba e com cerca de 60 funcionários – os do escritório carioca têm o privilégio de receber um abraço a cada manhã de Pedrinho, que faz questão do cumprimento caloroso. “Tem gente que diz que perco meu tempo com isso, mas eu não acho. Faço questão. É assim que sinto como meus funcionários tão se sentindo” diz, atencioso.

Entre uma reunião e outra, Pedro que sempre se garante com uma sunga por baixo da roupa, gosta mesmo é de dar um mergulho ali em Copa, onde fica a Radio Ibiza. É ali, aliás, que fica o apartamento em que vive. Ele se define como um careta autêntico e assumido: não bebe e não fuma. Tem algumas tatuagens declarando o amor à família e eternizando sua fé. É frequentador da igreja Nossa Senhora da Paz, parceiro do Padre Jorjão, devoto de Santa Clara e – sim – é o bendito fruto entre as mulheres. O único homem entre uma legião de tias e primas da família – além da amadíssima mulher Marília – que não precisa de desculpa pra se reunir.

Dono de cinco empresas, Pedro dá palestras sobre felicidade e já falou sobre o assunto para mais de 100 000 pessoas. Com mais de 400 palestras no currículo, ele está entre os mais requisitados palestrantes em empresas juniores no Brasil. Formado em Administração de empresas pela PUC-Rio, com pós-graduação em Sociologia Políica. Ele é super descolado e um ótimo representante do Rio de Janeiro. Como ele mesmo diz, a Rádio Ibiza tem o DNA Carioca. Pedro foi eleito Líder Empresarial 2012, na 35ª Edição do Prêmio Fórum de Líderes Empresariais.

 

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